sexta-feira, 20 de maio de 2011

Final

Na Fan Zone já se notava algum nervosismo em todos nós, sabíamos que o tempo de conhecer a cidade tinha acabado e estava a chegar o momento fatal, de todas as decisões. Aproveitei para comer, voltar a divertir-me nas diversões e descansar, enquanto isso tocava uma banda, eram sorteados prémios e passavam imagens da nossa caminhada europeia no ecrã gigante ali instalado. Já na fila para entrar para os autocarros duplex vejo o Karl, o nosso famoso adepto irlandês que desde que veio a Braga ha 8 anos atrás e viu o saudoso Barroso a marcar um golão e a nossa equipa que na altura lutava para não descer de divisão a espetar 4 ao Sporting, desde aí veio viver para cá e só quis saber do Braga, uma bonita história de amor que demonstra que a paixão por este clube não tem limites.

Chego às imediações do estádio e ainda havia tempo para estar cá fora a desfrutar daquele ambiente, muitos pontos de animação mas os dois mas concorridos eram onde se encontravam as meninas da Seat bem atrevidas para tirarmos fotos com elas, eu como é óbvio e porque não se encontra todos os dias beldades daquelas (uma delas era igualzinha à Blake Lively) fui aos dois lados e lá me tiraram as fotos com a polaroid.
Junto às entradas por onde iam passar as camionetas dos jogadores concentravam-se milhares de Braguistas e portistas, nessa espera aconteceu uma excelente demonstração de fair play e desportivismo, de um lado cantava-se Porto, do outro Braga e no fim todos juntos Portugal, as músicas anti benfica também não faltaram. Porque é que o futebol não é sempre assim? Foi a festa do futebol mais animada e sem conflitos que já vi.

Passada a camioneta do ENORME é então tempo de pegar no bilhetinho mágico, fazer aquele rodar mágico do torniquete, entrar então naquele estádio mágico e sentar-me naquela cadeira mágica, onde eu iria viver todas as emoções e momentos mágicos. A nervoseira atinge o seu expoente máximo enquanto eu a tentava disfarçar entoando cânticos e apreciando aquele fantástico estádio.

Começa a cerimónia de abertura e aí começa a a emoção, não consegui conter as lágrimas, não deu, aquelas coreografias com aquela música emocionante era impossível, eu estava a viver um sonho e acho que só aí caí na realidade, pensei no quão a vida tem sido madrasta para mim mas que me estava a proporcionar aquele momento fabuloso, ainda hoje ao ver o vídeo da cerimónia me emociono, eu estava ali a viver o que eu sempre ambicionei com a restante legião, o meu Braguinha cresceu e na parte final da cerimónia em que o emblema de todo o orgulho estava a ser estendido no relvado para os olhos de todo o mundo ninguém conseguiu ficar indiferente.

No final do jogo o resultado não era o esperado e senti que a taça estava ao nosso alcance mas fugiu-nos! Não sei, mas foi um misto de emoções tão grande, era a felicidade de estar ali a viver esta final única e a tristeza de não ganhar, sabia que o belo sonho estava a chegar ao fim, eu no fim queria aplaudir mas não tive forças, sentei-me e desatei a chorar como um bebe, soluçava e não tinha ninguém a quem me amarrar, parecia que o mundo tinha desabado e perguntava a mim mesmo porque não posso ser feliz, porque é que todos os meus sonhos acabam mal, porque é que deixam criar em mim a ilusão da felicidade e depois tiram-ma. Por incrivel que pareça ás 22h lá ainda era dia, mas a partir desse momento a minha alegria ficou escura como a noite mas o orgulho manteve-se intacto, já estou habituado a levar com machadadas. Um senhor já com os seus 50 e tal anos, mais contido mas com a lágrima no olho estende-me a mão nas costas e diz-me "Deixa lá, tu es novo e ainda vais ver o Braga noutra final europeia, eu é que não sei se vou". Nunca vou esquecer.

O regresso a casa foi penoso, viveram-se momentos de angustia e não era difícil encontrar lágrimas nos rostos que outrora tinham a esperança de um final feliz. Na sala de embarque pairava um silêncio aterrador, com as cabeças caídas, pessoas sentadas e deitas pelos cantos, umas a dormir outras a aproveitar para comer algo, trocavam-se olhares como gestos de partilha da nossa tristeza, o voo levanta e o sonho fica, não o conseguimos trazer de volta, mas nas asas do avião regressa o orgulho por tudo o que fizemos e da maneira como nos batemos, raça, humildade, união - fomos Gverreiros.

Já em Braga, dou por mim às 4 e meia da madrugada a passar na avenida central e a descer a rua do souto sozinho até às estação para apanhar um taxi, nessa caminhada foi altura de reflexão, sentia os meus pés em ferida de tanto andar, só me apetecia parar e deitar-me num canto como um bandido sem abrigo, sentia falta de uma pessoa, do apoio e conclui que estava de volta ao mundo real, ha que enfrentar outra vez esta tempestade que anda dentro mim.

Por enquanto ainda penso muito naquilo tudo e ponho-me a recordar sem fim, nunca irei esquecer 18.05.2011, obrigado cabanasaxa por me fazeres recordar este dia:



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