quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Som

Saio hoje de manhã, mais cedo do que queria, para fazer o que fazem às ovelhas já o tosquiador dizia.
A marcação adiantou e lá para o dia seguinte ficou, por engano ou não, assim o tempo sobrou.


Antes dessa descoberta já tinha ido ao Theatro Circo levantar os meus bilhetes para o José Mário Branco, artista da revolução e da música de protesto, é logo à noite na mais linda sala de Portugal!
Após descoberta, desço então as escadas rolantes e ao lado esquerdo as capas dos jornais, mais uma vez aparecem desculpas para a derrota daquela equipa encarnada lá da mouraria.

Atravesso a Rua dos Chãos e vou pela rua sem nome onde por esta altura estão lá a trabalhar uns senhores a construir mais um bar/esplanada (é pena aquela zona não se transformar toda desta maneira!) que desagua na Praça Conde Agrolongo e lá desaguei, como sempre, observador da minha bimilenar cidade por estas alturas da Semana Santa mais cosmopolita que nunca. As previsões são de chuva mas nessa altura o Sol brilhava como antes brilhavam os sonhos de um criança em que ainda não lhe tinham roubado a felicidade. Como o tempo sobrava fui dar umas voltas pelas estreitas e graníticas ruas do nosso centro histórico em busca da descoberta mas fiquei-me pelo observador, notava algo diferente hoje, talvez o som clássico e calmo que entoava na instalação sonora da Rua do Souto decorada de roxo aliado ao meu estado de alma me tenham feito sentir isso.

La fui eu por entre ruas e ruelas ouvindo a música que me entristecia e os passos da multidão que me baralhava e aproveitei a proximidade da Sé para entrar e falar com aquela senhora que embeleza o símbolo do meu clube e o brasão da minha cidade. Essa senhora com quem eu falo muitas vezes esqueceu-se de mim, mas eu quero acreditar que não, que tudo isto tenha uma razão que eu um dia irei agradecer, sim, porque eu não sou ingrato!

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